domingo, 5 de setembro de 2010

o velho e o tempo


quando um velho chora
chora com ele a natureza
o vento toca-lhe o branco dos cabelos
e recolhe suas lágrimas
com seus dedos airados
quando um velho pensa
seu corpo implora a juventude
chora por um grande amor
desperdiçado em um caminho
chora por um não em hora errada
chora por um filho que não vê
ou que não o quer
chora por decisões apressadas
chora porque sabe que deve partir
e nem sempre quer
chora pelo corpo envelhecido
que não mais parece ser o seu
chora pela falta de força
pelo desequilibrio vital
chora pelo desconforto
pelo imprevisto
chora de angustia
de saudade
pelo abandono
pelo desabono
pelo disabor
chora ao tempo insólito
ditador,irreversível
que empurra sua vida
assume sua força
lhe devolve na pele
frisos e linhas
e risca fundo,na alma
com suas unhas afiadas.

atração e repulsa


no encontro de olhos
dentro do espaço físico
determinado
de grandes explosões de calor
que emana de corpos afoitos,ansiosos
faíscas provindas de ambos os lados
cada um compactuando
resguardando a fogueira
que incendeia,sob a roupa
a carne com suas nervuras
trêmula-receptiva
pulsa...
num magnetismo latente
estranho encontro
de recepção-recusa
unidos vontade e equilibrio
o corpo acena
a voz nega
a boca péde,implora
a mente repéle,isola
a luta entre a razão e o desejo
horas perdidas
as que foram negadas
ao acesso dos corpos
de juntarem sabores
de ligarem em sintonia
e desafiarem a vida.

***

MINHAS MAIORES E MAIS TURBULENTAS EMOÇÕES EU VIVI,E FORAM MUITAS;TANTAS QUE VIVI COMO SE FORA DUAS VIDAS JUNTAS.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

talvez...quem sabe?


talvez hoje eu enfrente
na vida,aquele antigo caso
mesmo com uma chuva
de frente
talvez hoje eu perdoe
aos pontos fracos,meus e dos outros
talvez hoje seja um dia diferente
mesmo com esse tempo
talvez hoje eu chore
sómente num ato de amor-próprio
talvez hoje eu tranque
as portas da alma
talvez hoje eu não queira ver o sól
mas sei que ele está lá
no meio do cinza
talvez hoje eu coloque uma capa
ou algum tipo de cobertura
talvez hoje eu insista
em rever instantâneos fotográficos
para rir,ou simplesmente lembrar
talvez hoje eu me liberte
como as aves, quando a chuva para.